Áreas classificadas NR-20: o que são e como identificá-las

Explosões e incêndios ainda estão entre os acidentes mais graves registrados em indústrias e instalações que manipulam inflamáveis. Muitos desses eventos acontecem justamente em locais onde a presença de vapores, gases ou poeiras combustíveis não foi corretamente avaliada.

A NR-20 determina que empresas identifiquem e documentem as chamadas áreas classificadas NR-20, ou seja, espaços com potencial de formação de atmosferas explosivas. Saber reconhecer esses locais é essencial para proteger vidas, reduzir prejuízos e manter a continuidade da operação.

Com a classificação adequada, é possível instalar equipamentos corretos, treinar equipes e adotar medidas de prevenção eficazes. Isso evita paradas inesperadas, multas e, principalmente, reduz drasticamente os riscos de acidentes que poderiam comprometer toda a instalação.

Nesse conteúdo, você vai entender o que são áreas classificadas, como identificá-las e quais medidas adotar para manter sua empresa em conformidade com a NR-20.

O que são áreas classificadas?

De forma direta, área classificada NR-20 é qualquer espaço em que uma atmosfera explosiva está presente de modo contínuo, intermitente ou potencial. A probabilidade de ocorrência é suficiente para exigir cuidados especiais em projeto, instalação, operação e manutenção.

São consideradas não apenas salas ou galpões, mas também tubulações, tanques, dutos, sistemas de transferência e até áreas externas próximas a fontes de emissão.

A legislação brasileira harmoniza conceitos com normas internacionais como a IEC 60079, reforçando a necessidade de compatibilidade com equipamentos certificados para atmosferas explosivas.

Como se formam atmosferas explosivas?

Para compreender como essas áreas se formam, vale recordar conceitos básicos de segurança do trabalho. O chamado triângulo do fogo envolve três elementos: combustível, comburente e fonte de calor. Quando presentes em proporções adequadas, dão origem à ignição.

Além disso, cada produto possui limites de inflamabilidade. O limite inferior de explosividade (LII) e o limite superior de explosividade (LSI) indicam a faixa em que a mistura ar-ar é capaz de inflamar.

Operar fora desses limites reduz riscos, mas o controle depende de ventilação adequada e escolha de materiais corretos.

Classificação das zonas de risco

A NR-20 áreas com inflamáveis e combustíveis adota zonas de risco de acordo com a frequência de presença da atmosfera explosiva.

• Zona 0: presença contínua ou frequente de vapores ou gases inflamáveis.
• Zona 1: atmosfera explosiva pode ocorrer em condições normais de operação.
• Zona 2: presença improvável em operação normal, e se ocorrer, será por curtos períodos.

Para poeiras combustíveis, a lógica é similar, mas a numeração segue: Zona 20, Zona 21 e Zona 22. A correta distinção entre vapores e poeiras é indispensável para evitar falhas no projeto de segurança.

Etapas para identificar uma área classificada

A identificação não deve ser feita de forma isolada. O ideal é contar com equipes multidisciplinares, que envolvam segurança do trabalho, engenharia e manutenção. Entre os principais passos estão:

Levantamento das substâncias presentes: combustíveis líquidos, poeiras orgânicas, solventes ou gases inflamáveis.

Análise dos processos industriais: armazenamento, transferência, mistura e descarte.

Avaliação das instalações: sistemas de ventilação, tanques, tubulações e válvulas.

Determinação das zonas: definição do enquadramento em Zona 0, 1, 2 ou 20, 21, 22.

Documentação e mapa de área classificada: registro formal que servirá de base para inspeções e treinamentos.

Esse processo integra também a análise de risco em áreas classificadas, prevista na legislação. O objetivo é identificar cenários de ignição, avaliar consequências e propor barreiras técnicas.

Medidas de controle

Após a classificação, cabe adotar ações que reduzam a probabilidade de acidentes. Entre as mais comuns estão:

Controle de fontes de ignição: uso de equipamentos elétricos à prova de explosão e eliminação de chamas abertas.

Ventilação adequada: natural ou forçada, para manter a concentração de vapores abaixo dos limites de explosividade.

Sistemas de detecção e alarme: sensores capazes de identificar presença de gases inflamáveis.

Procedimentos de emergência: planos de evacuação, brigadas treinadas e sinalização adequada.

Segundo a International Labour Organization, falhas em áreas classificadas estão entre as cinco principais causas de explosões em indústrias químicas e petroquímicas.

Treinamento e capacitação

A NR-20 exige que todos os trabalhadores com acesso a locais de risco recebam treinamento específico. Esse preparo deve incluir reconhecimento dos perigos, uso correto de EPIs, resposta a emergências e práticas de trabalho seguro.

Existem três níveis principais: treinamento básico, intermediário e avançado, de acordo com a complexidade da instalação.

A atualização periódica é obrigatória e garante que o conhecimento seja mantido ativo. Um exemplo é a realização de simulações de evacuação, que comprovam a eficiência do plano de resposta.

Exemplos de aplicação em indústrias

Áreas classificadas não estão restritas a refinarias ou plataformas de petróleo. Setores como alimentício, farmacêutico e de papel e celulose também convivem com poeiras inflamáveis e solventes. Em Sorocaba e região, empresas de diferentes ramos precisam atender à NR-20 áreas com inflamáveis e combustíveis, realizando avaliações periódicas.

No setor agrícola, silos de grãos apresentam riscos elevados devido ao acúmulo de poeira. Já em postos de combustíveis, bombas e tanques subterrâneos configuram áreas com probabilidade de vazamento e formação de vapores inflamáveis.

Conclusão

Reconhecer e gerenciar áreas classificadas NR-20 não é apenas cumprir a lei. É uma prática que protege vidas, preserva o patrimônio e garante a continuidade da produção. O processo exige conhecimento técnico, análise detalhada e documentação confiável.

Você já avaliou se os ambientes da sua empresa estão devidamente classificados? A ausência desse estudo pode gerar riscos invisíveis e multas significativas em caso de auditoria trabalhista.

A recomendação prática é buscar apoio especializado para realizar a análise de risco, a classificação das zonas e a capacitação dos trabalhadores. Essa combinação reduz falhas e demonstra conformidade perante os órgãos fiscalizadores.

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